2020 foi um ano marcado pela pandemia da Covid-19, mas mesmo em 2021, com a chegada das vacinas, é importante ressaltar que ela ainda não acabou.
Com tantos acontecimentos, a saúde mental de muitas pessoas ficou balançada. Por isso, trouxemos o psicólogo clínico e escritor Frederico Mattos (@fredmattos), para conversar um pouco sobre o tema.
A pandemia e a mudança nos sentimentos
O momento da quarentena e isolamento social veio acompanhado de um sentimento de desesperança, marcado por apatia e bloqueio emocional misturada com traços de agitação, irritabilidade, ansiedade apreensiva e sintomas corporais como falta de ar e taquicardia, de acordo com o psicólogo.
“Mesmo as pessoas de hábitos mais intimistas perceberam que anseiam por contato social mais do que imaginavam, ao serem privadas involuntariamente de contato humano”, afirmou.
Além disso, Frederico destaca que cada indivíduo precisou enfrentar situações e dilemas familiares que muitas vezes levaram ao divórcio, considerando que o tempo de convívio passou a ser mais frequente do que muitos estavam acostumados.
A importância da terapia
A terapia hoje possui novos olhares, especialmente quando o mundo passa por um momento tão delicado que afetou milhões de pessoas. Com cada vez mais adeptos de conversas com um profissional, a busca por uma saúde mental estável é constante.
“A terapia vai ajudar a dar voz a muitas angústias que não estão plenamente conscientes ou que não podem ser ventiladas entre as pessoas da própria convivência”, afirma o psicólogo.
Ainda segundo Frederico, assim que entendem o que sentem, as pessoas podem dar novos significados e até reivindicarem uma melhor condição de vida emocional, podendo até exigir relações pessoais mais íntimas, nutritivas e saudáveis.
Considerando que parte da população está a quase um ano em casa com seus cônjuges e familiares, não é incomum que ocorra um cansaço mental. Assim, a terapia online virou uma grande alternativa para quem precisava desse tempo para compreender melhor a si e ao mundo ao seu redor.
A vacinação está chegando, mas como aguentar até lá?
Em meio a um ano repleto de notícias difíceis de lidar, eis que a tão sonhada e esperada vacina começou a ser testada e, enfim, algumas foram aprovadas em diferentes países. Mas até que todos tomem as doses adequadas, como lidar com mais algum tempo seguindo restrições e protocolos de segurança?
Frederico diz que a primeira coisa é continuar lidando com uma semana de cada vez para gerenciar a ansiedade e frustração e seguir sustentando com qualidade o nível de conversas com as pessoas que amam.
“Criar distrações que envolvam arte, dança e atividades corporais complementando com novos cursos, conhecimentos e busca de entendimento do mundo complexo em que vivemos é uma excelente opção”, completa quando questionado a respeito desta situação.
A importância de ter e cultivar hobbies
Ao passar mais tempo em casa, devido a quarentena e isolamento social, foi necessário desenvolver hobbies e passatempos para aliviar as tensões do dia a dia.
Frederico aponta que quem tem filhos em casa passou ainda mais tempo com os pequenos, precisando distraí-los e também ensinar, uma vez que as escolas passaram a dar aulas remotas.
“As pessoas solteiras ou sem filhos redescobriram a alegria da leitura, de trabalhos manuais e muitas se aventuraram a cuidar de pequenas reformas dentro de casa ou aumento do cultivo de plantas e adoção de animais de estimação”, completa.
Acima de tudo, cuide sempre de você
Para quem nunca procurou ajuda profissional para lidar com suas emoções, Frederico aconselha que não sinta medo dos seus sentimentos, mas que os ouça e o que eles estão comunicando.
Aprender a nomear o que sente, aceitar os dias difíceis, saber se acolher e aprender a revelar as próprias vulnerabilidades nas relações mais significativas é tão importante quanto muitos podem imaginar.
Lembre-se sempre de que você e sua saúde, seja ela física ou emocional, devem vir em primeiro lugar. Afinal, se não estivermos bem, como poderemos ajudar a quem amamos?