Setembro Amarelo: precisamos falar sobre isso

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O ano está passando e já chegou o mês do Setembro Amarelo – campanha de prevenção ao suicídio da ABP, junto ao Conselho Federal de Medicina –, que traz inúmeras campanhas sobre a conscientização da saúde mental e seus efeitos na vida de pessoas de todas as idades.

E, por ser um assunto de extrema relevância que está relacionado ao autocuidado, convidamos a Vitória Marioto (@mariotovitoriapsi), psicóloga clínica, para comentar sobre a campanha, como identificar que um amigo, ou familiar, precisa de ajuda e muito mais.

A seguir, confira tudo o que ela nos contou e aproveite para compartilhar esse conteúdo 

Primeiro, como identificar que você, ou alguém próximo, precisa de ajuda?

De acordo com a psicóloga, observar uma mudança de padrão no comportamento em alguém próximo, ou em nós mesmos, costuma ser o primeiro indício quando existe uma intensidade e constância diferentes de uma tristeza ou cansaço comum.

“Nós, como sociedade, temos a tendência de minimizar a angústia do outro: pensar que logo passará, que precisa de força de vontade, que precisar se distrair, se esforçar para ficar ‘feliz’, etc. Porém, o que precisamos ter em mente, é que não há espaço para duvidar do sofrimento alheio”, comenta.

Então Vitória aponta algumas dicas práticas caso você identifique que alguém próximo precisa de ajuda:

Disponibilidade: a psicóloga diz ser sempre o melhor caminho;

– Escuta: tirar o tempinho do dia para conversar e entender o que está acontecendo com a pessoa;

– Validação: reconhecer o momento que a pessoa deprimida está passando;

– Esquecer julgamento e crítica: escute a pessoa de coração aberto e com intenção de apoio.

Resumindo, ouça com muita atenção e leve ideações e expressões de angústia a sério. “Se informe e ofereça apoio com informações e serviços funcionais para ajudar o quanto antes.”

E Vitória destaca que muito do adoecimento mental, infelizmente, ainda é um tabu. “Falar sobre suicídio com pessoas deprimidas, por exemplo, é um grande mito sobre estimular o ato, quando na verdade, quanto mais esse for um tema velado, mais as pessoas com ideações suicidas se sentirão sozinhas e isoladas no seu sofrimento”, explica.

Assim, ela ressalta que campanhas, palestras, rodas de conversa, cartilhas e compartilhar conhecimento de casos reais são algumas das intervenções importantes para levar informações científicas e adequadas ao público que apresenta maior distância do tema que cerca a todos nós.

A pandemia também interferiu na saúde mental de muitas pessoas

A quarentena, acompanhada de pouca ou nenhuma companhia, além de trazer inúmeras mudanças na vida e na rotina das pessoas, trouxe com ainda mais força a discussão sobre saúde mental, como comenta Vitória.

Muitas pessoas desenvolveram quadros depressivos e ansiosos (em sua maioria) desde que a pandemia foi declarada. Luto, isolamento, separação, hiper convivência, home office, insegurança, medo, solidão, exaustão e muitas outras coisas podem ter sido o gatilho de alguns estados ou transtornos que pudemos vivenciar durante todo esse tempo – como é esperado quando o caos se instala no mundo inteiro.”

Mas ela destaca também que é possível ver que a forma com que cada sujeito entrou nesse período pandêmico influenciou fortemente sua evolução emocional até hoje. “Alguns com mais facilidade, outros vivenciando dificuldades mais severas em diversas esferas da vida, podia ser indício de que seu estado emocional já poderia estar afetado antes da pandemia (relacionamentos, família, carreira profissional, crise identitária, etc.), o que foi agravado com o isolamento social.”

Setembro Amarelo é sobre muito além do que podemos ver

Mesmo que esse quadro venha ganhando cada vez mais espaço na mídia, a saúde mental ainda ocupa um lugar distante da verdadeira importância. Assim, a psicóloga explica que o sofrimento psíquico não é reconhecido socialmente, sendo visto por muitos como falta de vontade, falta de determinação e outras ideias de senso comum, já que não é algo palpável ou concreto.

“As campanhas de Setembro Amarelo acontecem, aos poucos, como forma de desmistificação desses conceitos completamente errôneos e negligentes com as questões de saúde mental e isso ajuda muito, mas precisamos de muito mais trabalho e constância para uma mudança na conscientização”, acrescenta.

Então, ela comenta que a ideia do Setembro Amarelo não pode ser vista como suficiente para uma mudança de postura social, uma vez que o esforço precisa continuar o ano inteiro nas pequenas coisas e ações.

Pontos de atenção X Hobbies

Em um mundo onde existem inúmeros gatilhos, em diferentes setores da vida, que podem afetar a saúde mental de pessoas de todas as idades, perguntamos para Vitória quais seriam os principais pontos de atenção para identificar algum transtorno psicológico.

“De forma geral, posso dizer que o maior agravante é o não reconhecimento da existência de um transtorno que pode ser acompanhado, evitado e/ou minimizado. O sofrimento costuma tomar uma grande proporção até que as pessoas consigam buscar ajuda e esse é um enorme fator de agravamento dos quadros quando se não tem o apoio necessário ou a orientação adequada sobre o adoecimento psíquico.”

Por outro lado, ela comenta que é sempre importante que, além do tratamento psicoterápico e/ou psiquiátrico, o sujeito encontre fontes de prazer e ambientes seguros que possam favorecer o reequilíbrio e o bem-estar integral (corpo e mente). 

“Muitos passaram por uma angústia momentânea durante toda a pandemia e conseguiram, através de suas próprias ferramentas, atravessar essa fase com mais tranquilidade, optando por colocar em prática atividades que podem ser feitas em sua própria companhia, como exercícios físicos, mudança de hábitos, convivência com animais, resgate de sonhos e planos antigos, etc.”

Além disso, ela destaca que é importante não pensar que se disponibilizar apenas no mês de setembro seja o suficiente: “apoiar essa causa vai muito além de dizer que se importa, mas ter atenção a quem está ao seu redor, se questionar se realmente está disponível o bastante para olhar o outro despido de seus próprios julgamentos, se informar com fontes seguras de como ajudar e como buscar ajuda nos lugares adequados caso se encontre em vulnerabilidade emocional.”

Então a psicóloga ressalta que, se a conscientização for constante, os preconceitos diminuem e o apoio aumenta. “Acolhimento sempre será o melhor caminho para quem adoece”, completa.

Cuide sempre da sua saúde mental

Sempre comentamos aqui, no Beyoung Blog, que os cuidados com a saúde devem vir em primeiro lugar, e o mesmo vale tanto para a saúde física, quanto mental. Uma vez que o adoecimento pode ser identificado em todo e qualquer período do nosso ciclo vital, Vitória explica mais alguns pontos sobre o porquê desse tema poder estar presente em diferentes fases da vida.

“Pode acontecer nos bebês em casos de depressão materna mais severa, por exemplo, assim como com os idosos que não costumam considerar o cuidado com a saúde psíquica, muitas vezes nem se dando a oportunidade de levar uma vida mais leve e saudável, influenciados pelo senso comum, conformismo, falta de informação, etc.”

No entanto, ela comenta que, ainda que existam pesquisas e números que indicam faixa etária e gênero de maior incidência – o que direciona para a conscientização em massa – nenhum de nós está livre do sofrimento emocional. “Aceitar e reconhecer isso é um grande passo para a prevenção.

Então a psicóloga finaliza dizendo que não acredita que seja possível medir um aumento específico de procura por ajuda profissional neste período de campanha, mas que durante o ano também existem campanhas como Janeiro Branco, que buscam mostrar a relevância da saúde emocional e mental – mas tudo isso são pequenos passos para o reconhecimento do nosso próprio estado emocional e de quem está ao nosso redor.

Agora, que tal conferir alguns autocuidados que você pode aplicar na sua rotina? Aproveite também para enviar esse post para amigos e familiares, e não hesite em escrever nos comentários abaixo, ou em nossas redes sociais (@beyoung), caso você tenha ficado com alguma dúvida sobre o assunto.

PS.: O CVV – Centro de Valorização da Vida – é um serviço público que oferece total sigilo e que trabalha com apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem, e precisam, conversar por telefone através do número *188, além do chat e e-mail, 24 horas, todos os dias.

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